8 de set. de 2012

Teletransporte: os passos da ficção à realidade

Transporter na série original



Muitos conhecem a idéia do teletransporte através da série Star Trek, Jornada nas Estrelas, que na data de hoje, faz aniversário de 46 anos da estréia de seu primeiro episódio em 1966.
Baseada em contos escritos por Gene Roddenberry onde o Capitão Kirk, Sr. Spock e Dr. McCoy se movimentavam de sua nave para a superfície de um planeta ou para outras naves com uma facilidade incrível e com baixo custo de filmagem, pois era um truque cinematográfico fácil de fazer, muito mais barato que construir a maquete de uma pequena nave.
Ainda estamos longe de tornar esta idéia em realidade, porém já realizamos o teletransporte quântico.

File:Transporter3.jpg
O painel do transporter em Star Trek: Voyager

O teletransporte quântico é uma tecnologia que permite o teletransporte de informação, como o spin ou a polarização (não existe transporte de energia ou de matéria) por meios exclusivamente quânticos, que independem de meios de transmissão.
O teletransporte de informações foi proposto pela primeira vez em 1993 por físicos teóricos que trabalhavam para a empresa IBM, utiliza um efeito da mecânica quântica chamado de entrelaçamento quântico, pelo qual partículas subatômicas que passam por processos quânticos mantêm um tipo de associação intrínseca mesmo depois de separadas, à semelhança do fenômeno de ressonância, mas teoricamente independente da distância.
O exemplo mais citado é o de duas partículas criadas conjuntamente que assumem spins opostos, e ao se modificar o spin de uma, o spin da outra também se modifica, mesmo que elas estejam separadas.
A tecnologia tenta usar esse efeito para telecomunicações ou armazenamento de informação num possível computador quântico.


Laser da Estação Ótica de Terra 


Uma experiência da ESA bate o recorde de teletransporte quântico
7 Setembro 2012
Uma equipe internacional de investigação utilizou a Estação Ótica de Terra (Optical Ground Station) da ESA, no Observatório de Teide, em Tenerife, para estabelecer um novo recorde de distância em teletransporte quântico, reproduzindo as características de uma partícula de luz a 143 quilómetros de distância.
Investigadores da Áustria, Canadá, Alemanha e Noruega, com financiamento da ESA, conseguiram transferir as propriedades físicas de uma partícula de luz, um fóton, a outra partícula mediante teletransporte quântico, estabelecendo assim um vínculo que cobre os 143 Km que separam o telescópio Jacobus Kapteyn, na ilha de Las Palmas, nas ilhas Canárias, e a Estação Ótica de Terra da ESA em Tenerife.
Os resultados estão publicados esta semana na revista científica Nature.
Antes disso, as duas partículas devem 'entrelaçar-se'. Uma vez feito isto, a medida de uma determinada propriedade física, como a polarização ou o spin, irá gerar o mesmo resultado nas duas partículas, independentemente da distância a que se encontram e sem que se transfira fisicamente qualquer outro sinal entre elas. 
 
 
Imagem de satélite das Ilhas Canárias

Uma equipe internacional de investigação recorreu à Estação Ótica de Terra (Optical Ground Station) da ESA no Observatório de Teide, em Tenerife, para estabelecer um novo recorde de distância em teletransporte quântico, reproduzindo as características de uma partícula de luz a 143 quilómetros de distância.
O teletransporte quântico não é uma cópia, no sentido mais estrito do termo, uma vez que o ato de transferir informação de uma partícula a outra destrói a partícula original –as suas características transferem-se à partícula entrelaçada.
Albert Einstein referiu-se ao fenómeno do entrelaçamento quântico como uma "assustadora ação à distância", mas trata-se de um fenómeno físico documentado e fundamental para futuras gerações de computadores ultra-potentes, baseados no teletransporte de bits quânticos ou ‘qubits’. Também é essencial em sistemas invioláveis de comunicação encriptada.
"Este efeito encurta o caminho até às comunicações quânticas a longa distância", explicou Eric Wille, supervisor do projeto para a ESA.
"O primeiro teletransporte quântico aconteceu em condições de laboratório. O desafio aqui foi manter o entrelaçamento entre os dois fótons a uma distância de 143 Km, apesar das perturbações das condições atmosféricas".
A experiência teve de ser desenhada com o máximo cuidado, pois exigia uma relação sinal-ruido muito baixa.

Criando fótons entrelaçados 

Instalaram-se detetores de  fótons  muito sensíveis e sincronizaram-se os relógios nas estações de origem e de destino com uma precisão de 3.000 milionésimas de segundo.
Com isto os investigadores asseguravam-se de que se detetavam os  fótons corretos - a precisão máxima que proporcionava o sinal GPS é de 10.000 milionésimas de segundo.
As equipes tiveram que esperar quase um ano, depois da falha de uma primeira tentativa devido ao mau tempo.
Os dois telescópios estão localizados em terreno vulcânico, a 2.400 metros de altura, e devem fazer frente a condições meteorológicas duras para este tipo de medidas, como vento, chuva, neve e tempestades de pó.
A experiência aconteceu finalmente em maio passado e conseguiu-se estabelecer um novo recorde quanto à distância do teletransporte.
"O passo seguinte será conseguir o teletransporte com um satélite em órbita, para demonstrar que a comunicação quântica é possível a uma escala global", disse Rupert Ursin, da Academia Austríaca de Ciências.
A campanha de medição entre ilhas aconteceu no âmbito do Programa de Estudos Gerais da ESA para demonstrar que é possível o teletransporte quântico para futuras missões espaciais.


Fontes: